Sia Furler é uma cantora e compositora – ou seria o
contrário? – australiana que apesar de ter 6 álbuns lançados e mais de 15 anos de
carreira, só entrou no nosso radar depois de ser “descoberta” por Christina
Aguilera em 2010, quando a cantora foi convidada para escrever e produzir
algumas faixas do álbum de Aguilera, Bionic. O álbum foi um fracasso e marcou o
início do declínio da carreira da americana, mas serviu para apresentar Sia,
enquanto compositora, ao mundo mainstream.
Depois disso, a carreira de Sia entrou – e permanece – em
ascensão. Sia participou de trilhas sonoras como de filmes como Eclipse, The Great
Gatsby e Jogos Vorazes. Escreveu para quase todos os artistas relevantes – ou
em busca de relevância – do cenário pop atual: voltou a trabalhar com a Aguilera
no “Lotus”, escreveu o smash-hit “Diamonds” para Rihanna, a faixa “Pretty
Hurts” para Beyoncé e está presente como compositora nos discos “Prism” de Katy
Perry, “Alive” de Jessie J, no álbum autointitulado de Shakira, no “A.K.A.” de
Jenifer Lopez, no “Louder” de Lea Michele, no “Britney Jean”, e já trabalhou
com Ne-Yo, Rita Ora, Eminen, Celine Dion, Birdy, Angel Haze, foi a produtora
executiva do “Kiss Me Once” de Kylie Minogue, e participou até da composição da
música oficial da Copa do Mundo de 2014, sem esquecer das super-farofas com
David Guetta e Flo Rida.
E a lista só tende a crescer. Sia diz que não liga pra
carreira de cantora e prefere ganhar muito dinheiro apenas como compositora,
sem precisar nem sair de casa. Recentemente, a cantora deu uma entrevista
quase-polemica para uma rádio, dizendo o quanto tinha ganhado com cada
composição que escreveu.
Falando em rádio, Sia não dá entrevistas para televisão e
quanto aparece em publicações, se recusa a ser fotografada. "Eu simplesmente gosto de ser só uma
voz", explica. Sia diz que não vai divulgar seu
próximo álbum, não espera ser famosa e diz que o peso da fama é maior do que
ela quer suportar. Ela diz, e espera que a gente acredite.
O que soa um pouco contraditório é o fato de Sia
preferir trabalhar como compositora e lançar seis álbuns solo, é ela dizer que
não vai divulgar o álbum e estar toda semana em um programa da televisão
americana, mesmo que cantando de costas para as câmeras.
Sia é daquelas cantoras difíceis de definir enquanto gênero musical,
classifica-la apenas como uma cantora pop seria, no mínimo, redutivo, colocando
ela em um grupo a que não pertence. Sia é muito mais complexa enquanto artista.
Sua voz rouca e suja propositalmente faz com que ela seja rapidamente
identificada ao ouvir qualquer uma de suas canções.
Mas apesar de Sia não ser apenas uma cantora pop, o mundo pop
está rechiado da sonoridade da cantora. Algumas das músicas do novo disco – o
single Chandelier, por exemplo – talvez tivessem um potencial comercial muito
maior em outras vozes – Rihanna, por exemplo. É como se todos os elementos que
destacam Sia na multidão dos artistas contemporâneos tivessem sido vendidos, e
todo o ineditismo que o álbum poderia ter, já foi visto nas suas composições
interpretadas por outros cantores.
Desta forma, o que temos então é um álbum que apesar de
muito bom - praticamente todas as faixas tem potencial para ser single -, acrescenta
pouca novidade. Os pontos altos são as já conhecidas “Chandelier”, “Big Girls
Cry” e “Eye Of The Needle”, que acompanhadas de “Fire Meet Gasoline” e “Dressed
in Black” - que abrem e fecham o disco - formam as faixas mais importantes do
álbum. A estrutura das cinco são bem parecidas: refrãos extremamente fortes,
bridges igualmente poderosos, faixas crescentes que no final apresentam o clímax
acompanhado de notas que mostram a extensão e potência vocal de Sia.
E se o álbum tem várias faixas imponentes, “Burn The Pages”
e “Hostages” funcionam muito bem como contraponto mais divertido entre as
faixas pretenciosas. “Elastic Heart”, a única música em que Sia divide os
vocais – com Diplo e The Weeknd – está presente na trilha sonora de “Jogos
Vorazes: Em Chamas” tem a melhor introdução do disco e até funciona bem com o
restante do material.
Assim, Sia nos entrega um disco que sem dúvida está entre os
melhores do ano – considerando os já lançados, obvio – e a cantora no que
talvez seja sua melhor fase. O contrato que Sia assinou com sua gravadora,
garante que ela não tenha que sair em turnê, o que é uma pena, pois o material
daria um espetáculo incrível.
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